O Programa de Pós-Graduação em Ciência da
Informação convida a todos para defesa de Tese de Doutorado Direto conforme,
dados abaixo:
Autor(a): Benedito
Medeiros Neto
Título da Tese “Avaliação dos Impactos dos Processos de Inclusão Digital e Informacional nos Usuários de Programas e Projetos no Brasil”.
Título da Tese “Avaliação dos Impactos dos Processos de Inclusão Digital e Informacional nos Usuários de Programas e Projetos no Brasil”.
Data: 24/05/2012
– (quinta-feira)
Horário: 08h30min
Local: Auditório
da FCI
Banca
Examinadora
Prof. Dr. Antonio Lisboa de Carvalho Miranda –
(orientador)
Prof.ª Dra Sofia Galvão Baptista
Prof.ª Dra Isa Maria Freire
Prof.ª Dra Aurora Cuevas Cerveró
Prof.ª Dra Brasilina Passareli
Prof.ª Dra Elmira
Luzia Melo Soares Simeão -
(suplente).
Resumo
A presente Pesquisa ocupou-se com avaliação dos
usuários de programas projetos de Inclusão Digital do Governo Federal
utilizando-se os dados da Pesquisa Nacional de Avaliação do Programa GESAC
2009, compreendendo uma amostra de 9.224 usuários considerados incluídos
digitalmente, que obtiveram alguma forma de capacitação ou treinamento em
ambientes eletrônico-digitais, em uma amostra de 742 dos 3 570 Pontos GESAC -
pontos de inclusão digital promovidos pelo Governo Federal seus parceiros e
conveniados, conforme as políticas públicas em todo o Brasil, que ofereceram
ações de alfabetização digital entre 2006 e 2008. Assim foram contemplados,
entre outros, Telecentros, Laboratórios de Informática de escolas públicas,
pontos de cultura e unidades militares. O estudo foi realizado em quatro
partes. Na sua primeira parte, pretendeu-se avaliar a apropriação da tecnologia
com base no uso de computadores e no acesso à informação por meio da Internet
dos usuários dos Pontos amostrados.
Escolaridade, idade, renda familiar e acesso às TICs foram determinantes para a
apropriação da tecnologia e acesso à informação. O acesso à internet
disponibilizado pelo Programa foi considerado lento ou muita lento pelos usuários dos telecentros e das escolas, sendo
estes os principais pontos de acesso para o aprendizado, a comunicação virtual
e o lazer. O uso da internet foi relatado por 91% dos usuários com nível
superior incompleto e por 88,5% na faixa de 25 a 34 anos. Quanto à localização
e acesso da informação pelo usuário, os sites de relacionamentos e mensageiros
eletrônicos tiveram maior procura pelos mais jovens, sendo que 64% dos usuários
estavam na faixa etária de 16 a 24 anos. Interesse em desenvolver trabalhos
escolares foi referido por 65% dos usuários, em todas as faixas etárias, com
comportamento semelhante nos diferentes graus de instrução. A Pesquisa buscou avaliar os resultados da
inclusão digital e a construção de indicadores que melhor representam a
apropriação dos usuários após processo de Inclusão Digital.
A segunda parte da Pesquisa teve por objetivo
avaliar os níveis de inclusão informacional dos usuários amostrados, com ênfase
nos processos cognitivos, uso e compreensão da informação para resolução de
problemas pessoais, construção do conhecimento individual e a infoinclusão. As
dimensões adotadas para mensuração no estudo foram: avaliação, uso e procura da
informação, e têm como fundamentação o conceito de competência informacional.
Foram utilizados métodos e técnicas quantitativas, complementados com técnicas qualitativas.
Os valores estimados dos indicadores para o universo dos incluídos apontam para
a falta de efetividade em algumas dimensões de avaliação, indicando problemas
no fluxo de informação dentro do processo de inclusão informacional. Os participantes dos setores da indústria e
do comércio eram reduzidos, indicando uma possível deficiência da política
pública. Porém, havia bom contingente de agricultores devido à presença de
pontos na área rural. Um indicador expressivo de infoinclusão, representado pelo
número de usuários que distinguem a informação ao lerem notícias na Internet,
de certa forma, retrata bem o tipo de usuário dos programas de Governo para
Inclusão Digital, que são absorvedores de informações genéricas, porém
apresentando poucos resultados práticos para a vida dos incluídos
digitalmente. O incentivo à criação de
páginas ou blogs ainda não surtiu efeitos entre os que se julgam incluídos
digitalmente.
Na terceira parte Pesquisa apresenta-se os indicadores para a mensuração do nível de inclusão
social, com base na avaliação do comportamento dos usuários, após passarem por
processo de inclusão digital. A ênfase foi dada às possibilidades de
compartilhamento e de produção da informação pelo usuário. Com o objetivo de
medir o fenômeno da inclusão social dos usuários supostamente incluídos
digitalmente, o estudo foi feito utilizando-se as respostas de usuários que
passaram por processo de alfabetização digital. As dimensões de avaliação
escolhidas no estudo foram: se o usuário contribui e reconhece a importância da
informação, e se este sujeito investigado participa efetivamente de grupos para
buscar e gerar a informação, entre os supostamente incluídos digitalmente. Os
resultados mostram que o grau de escolaridade era preponderante, quando comparado
com a renda, onde apenas 28,5% dos usuários com primeiro grau completo e 68,5%
daqueles com curso superior completo contribuem e reconhecem a importância da
informação, quando avaliado o acesso a bases referenciais em bibliotecas e
bancos de dados na Internet. Observou-se que 77,3 % dos usuários com ganhos
mensais de mais de 10 salários mínimos e 68,4% daqueles que recebem entre 1
(um) e 2 (dois) salários mínimos mensais compartilham a informação com sua
comunidade, através da participação em listas de discussões, blogs ou por meio
do “Orkut”. A Pesquisa apontou uma participação importante das mulheres (o
Índice de exclusão digital DIDIX, digital divide índex, na amostra foi de 76,3) no processo de
inclusão digital, informacional e social, sugerindo que esse grupo está
superando o processo de vulnerabilidade até então observado.
A quarta parte compreendeu a aplicação do modelo
multivariado, quando algumas categorias de variáveis foram identificadas que
permitiam detectar a influência no processo de inclusão digital, como o
contexto dos participantes e sua capacidade de distribuir e produzir
informações. Os fatores que determinam a inclusão digital, informacional e
social estão em constante mudança, como
a posse de telefone celular, linha fixa e posse de computador em casa. Os
usuários que dizem que são digitalmente incluídos foram os que acreditam que a
Internet mudou suas vidas, conhecem e utilizam a Internet, participam de sites
de relacionamento e têm o hábito de ler notícias na internet. Questões de
escolaridade, faixa de renda e de região geográfica continuaram a ser
determinantes para saber se os usuários se sintam incluídos.
Palavras-chave:
Inclusão Digital; Alfabetização Digital; Inclusão Informacional; Competência Informacional; Inclusão Social; Indicadores; Modelos de
Regressão Logístico; Avaliação de Programas Sociais; Sociedade da Informação; Ciência da
Informação.